segunda-feira, janeiro 04, 2010

Arde-me a Alma

No vago deste ar. No vazio deste mar.
Cheio, o vento de amar.. Repleto, milhões são as gotas de azar...
Sinto o relento, sinto pontas
Pontas de sufrágio
Rebeldes partes, expoentes de naufrágio.

Mentiras escondidas,
Vidas fingidas.
Falas corrompidas,
Malvadas e sem Vidas.

Chamem-me louco,
Chamem-me tarouco,
Chamem-me piroso.
Chamem-me por tão-pouco,
Chamem-me iroso.

Chama-me pelo primeiro nome
Chama pelo manto que me cobre
Assobiem com o vosso trago frágil e pobre
Içem a espada toda ela nobre
Atirem-me com a sádica e cruel lança.

Agarrem a criança,
Não a deixem sonhar!
Terminem os sonhos,
Matem os tristes risonhos!
Jamais deixarei: deixarei de ser nobre.

Haverá tanta razão para tanto queixume?
É sim, infelicidades em forma de lume.
Ardente na sua dor. Garridas na sua dor.

Fui pássaro e deixei de voar
Fui peixe e deixei de nadar
Fui montanhista e deixei de caminhar
Fui aventuras e deixei-me de loucuras.

Afinal o que sou?
A vergonha do passado, a honra do presente, o juíz do futuro.
O lutador do antes, a dúvida do agora, o imperdível do amanhã.